29.9.07

Beira-Mar

Certo dia passeado pelos calçadões da praia perdi-me olhando o mar. Lembrei dos versos de Joaquim Xavier da Silveira, jornalista e poeta santista. Nascido em nossa cidade assim como tantos outros que dão nomes a nossas ruas. Vicente de Carvalho o poeta do mar, certa vez escreveu “Eu sei que tudo acaba. A flor definha, as aves emudecem, morre o dia, os frutos caem, a folhagem seca. Da morte a um sopro a inteligência esfria...”. Percebi novamente o fim. Espreitando nossas costas, decretando o fim de tudo. O fim de tudo que um dia existiu, sejam as esperanças e planos de tantas pessoas que contribuíram de alguma forma para a cidade, sejam os jornais escritos e trabalhados em detalhes, que, no dia seguinte já perderam suas letras.
Nas calçadas enxergamos marcas de nossa historia. Historias escritas por pessoas que nasceram, viveram, lutaram e morreram nesse solo. Vicente de carvalho, Silvério Fontes, Antonio Manuel Fernandes, Afonso Schmidt e tantos outros que representam uma época onde nossa cidade era conhecida e respeitada por sua imprensa combativa. De suas cabeças nasceram jornais que fazem parte da historia do país e hoje, já não existem mais. O Diário de Santos, o Diário da Manhã, o Ação social, o Questão social, O Raio, O Popular, todos jornais importantíssimos que fizeram entre outras coisas a disseminação do Marxismo no Brasil. São hoje meros reflexos de um passado esquecido. Um passado há muito, enterrado na historia.
Como pode uma cidade como essa, hoje, depender de um imprensa centralizadora e monopolizadora como a que temos. Como pode delegarmos a importância de pessoas corajosas a, apenas, nomes de meia dúzia de ruas. Como se isso bastasse.
Não adianta ficar bravo. Ninguém é imune às ações do tempo. Ainda olhando para o mar percebo que talvez eles sejam. Grandes nomes são imortais. Por isso estou aqui, sentado na areia, lembrando de suas historias, percebendo o quanto eles influenciaram essa cidade em que nasci, vivi, lutarei e morrerei.

27.9.07

Tecnocrácia

A internet, indiscutivelmente, causou uma das maiores mudanças na maneira como a comunicação é pensada. Um explosão de sites, blogg´s e outras ferramentas tomou a rede de assalto. A comunicação passou a ser em tempo real. Qualquer um, depois da explosão da internet, poderia criar conteúdo independente de quem seja e onde esteja.O jornalismo passou a ser participativo.
A socialização causada pela explosão da web acabou criando diversos novos nichos no jornalismo, e isso, de maneira nenhuma, pode ser visto de maneira negativa. A informação passou a estar a disposição de quem queira. E o beneficio disso para com o jornalismo é enorme. A informação não deve depender de grandes corporações dispostas, ou não, a publicá-las. Ela, em nome de um dos princípios do jornalismo, deve pertencer a todos que a queiram. Um dos pontos negativos pode ser a falta de profissionalismo ou de credibilidade da fonte, mas isso depende de onde o receptor buscará determinada informação.
o jornalismo é um trabalho que depende de fontes. A facilidade que a internet criou para encontrá-las é mais um dos pontos positivos que vieram a facilitar a vida do jornalista profissional. A participação do publico sempre foi primordial tanto para o jornalismo impresso quanto para qualquer outra forma de meio de comunicação. O jornalismo participativo da web só veio a provar isso de uma maneira diferente.
É importante para os futuros jornalistas acompanhar as novas tecnologias que vem para somar e ajudar seu trabalho, procurando se beneficiar dessas ferramentas para a execução de seu trabalho.


Yan Troisi de Savoia

3.9.07

MR-8

No sertão onde nasci
Lá eu vi luzir
A mensagem que chegou
Na forma de uma luz
Era um homem de barba
Mas não era Jesus
Numa mão um lampião
Na outra um facão
Dizia palavras bonitas
Sobre uma tal revolução
Nas malocas sua figura
Foi endeusada e amada
Com um exercito errante
Marchava sempre adiante
Foi então que me contaram
Que a verdade já morreu
Se a paz foi ensinada
Ninguém compareceu
Quando parecia o fim
Ai que aconteceu
Na forma de zumbi
Quem morreu reapareceu
E enforcados na gravata
Ordenava Zapata
Pagariam por seus crimes
Ai dias mais sublimes
Iriam reaparecer
Por que finalmente
O sol ia voltar a nascer.

Yann Troisi de Savoia